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A REALIDADE

“A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.”

Nas montanhas, vales e planícies, oceanos, mares, rios e ribeiras, nas galáxias e no céu da minha aldeia, há muito mais do que todas as filosofias, mesmo as vindouras, podem conter.
A realidade tem uma força e energia que não encontramos em nenhuma doutrina ou sistema filosófico.
                  
Quando olho as águas da pequena barragem do alto da montanha, espanto-me. Se posteriormente permito que o pensamento interfira, gero prazer ou desagrado.
A beleza está no que é. Na realidade a que não necessitamos de adicionar ou subtrair seja o que for para a tornar mais bela ou menos feia.
                
Olhos, ouvidos, nariz, boca e mãos são os instrumentos que conduzem à realidade. À nossa realidade, percepcionada parcelarmente por via das limitações impostas pelos sentidos.
O mundo não tem uma existência absoluta, tal como o vemos e sentimos. Existe em relação com a nossa mente. Se tivéssemos mais um sentido aparecer-nos-ia duma forma totalmente diferente. Dêem-me mais um sentido e transformarei o universo, farei cair filosofias, destruirei crenças.
No entanto, quando não há “eu”, a Realidade é o que é: Verdade, Beleza, Paixão, Amor.
Quando não somos isto ou aquilo, somos todas as coisas.

Para os materialistas não existe outra realidade para além da matéria e o pensamento resulta dela.
No entanto, os arbustos e pedras que vejo reflectidos nas águas do lago são reais. Real o objecto, real o reflexo. Real a árvore, real a sua sombra.

Tudo morre. O dia com o poente, a noite com a aurora. A árvore, a pedra, o rio, a terra, o sistema solar, as galáxias, o universo. Na morte está o novo, a castidade mental da criança, a Verdade, a Realidade.

Do livro “O Eterno Agora e a Revelação da Consciência”