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As Matérias Médicas

A Matéria Médica é um registo de sintomas, contendo o resultado das experimentações em organismos sãos, dos envenenamentos voluntários ou involuntários e da prática clínica, sendo complementar do Repertório na medida em que é auxiliada por este na escolha final do medicamento.

Nela vamos encontrar as alterações de saúde e os sintomas produzidos por uma dada substância, sendo essencial o seu conhecimento para a prática da homeopatia. Não queremos com isto dizer que se deve decorar ou memorizar a Matéria Médica. Deve-se saber manuseá-la e entender a sua estrutura. A memorização resulta e surge com os anos de prática clínica.

A repertorização sugere-nos alguns medicamentos que vão ser sujeitos a uma análise diferencial – nas Matérias Médicas –, com o intuito da descoberta do simillimum.
As Matérias Médicas a consultar nesta sede, não devem ser inferiores a três de modo a que o conteúdo de uma complemente as lacunas de outra.
Grosso modo, as Matérias Médicas dividem-se em três tipos:

  1. Puras.
  2. Semi-Puras.
  3. Clínicas.

Nas primeiras, os sintomas de cada medicamento são relatados na linguagem própria do experimentador(1).
Nas Semi-Puras, para além destes, estão descritos elementos relativos à observação clínica do autor(2).
Por último, nas Clínicas, domina a observação clínica do autor, sendo utilizadas expressões próprias deste e não do experimentado(3).

Clarke, um dos maiores homeopatas anglófonos, cuja matéria médica se consubstancia como uma autoridade inequívoca e essencial, referia que o conhecimento preciso da sintomatologia de Sulphur, Lycopodium, Calcarea, Arsenicum, Thuya, Aconitum, Nux Vomica, Pulsatilla, Silicea, Hepar, China, Belladona e Bryonia, habilitava o prático a tratar com sucesso a maioria dos casos que encontrasse(4).

 

 

_Notas:

(1) Ex.: Matéria Médica Pura de Hahnemann.

(2) Ex: The Guiding Symptoms of Our Materia Medica – Hering.

(3) Ex. Dictionary of Practical Materia Medica – J.H. Clarke. A matéria médica de Clarke sintetizou os conhecimentos patogenésicos de Allen, os clínicos e toxicológicos de Hering, bem como os conhecimentos adquiridos pelo autor durante décadas de exercício clínico.

(4) É inegável que existem medicamentos cuja amplitude de acção é enorme.