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Nascimento da Homeopatia

Hahnemann, nasceu em Meissen, Saxónia, região oriental da Alemanha, a 10 de Abril de 1755, tendo-se formado em medicina no ano de 1779, na Universidade de Erlangen, onde defendeu a tese “Considerações sobre as causas e o tratamento dos estados espasmódicos”.
Traduziu e publicou diversas obras, que constituíram uma inestimável contribuição para a literatura médica da época, destacando-se o seu Dicionário Farmacêutico.

Considerando inaceitáveis os métodos e a inoperância da medicina clínica, que se orientava essencialmente pela doutrina dos humores – as doenças eram provocadas pelos maus humores –, que eram purificados através de clisteres, purgas, sangrias e vomitivos, para além da utilização de medicamentos de elevada toxicidade, que ao invés de fortalecerem o paciente, apenas o debilitavam e expunham a patologias sucessivas e constantes, abandonou desalentado a sua prática em 1789, dedicando-se a traduzir obras médicas estrangeiras.
Em 1790, quando traduzia a matéria médica de Cullen, instituidor da Escola Médica de Glasgow, faz a descoberta que o transformou no fundador da homeopatia.
Cullen afirmava que a Cinchona Officinalis– Quina – tinha propriedades tonificantes sobre o estômago, o que contrariava a experiência de Hahnemann, já que, quando adoeceu de paludismo havia experimentado – devido à sua ingestão – alguns dos sintomas característicos da gastrite. Desta forma, passou a autoministrar diariamente certa dose dessa planta – medicamento –, começando a sentir um quadro sintomático que compreendia: tremores, sede, acessos de febre, palpitações; enfim, todos os sintomas característicos das febres intermitentes. Considerando a sua própria experiência, anotou na margem da mencionada obra a frase: “Substâncias que provocam uma espécie de febre, podem curar a febre”. Com ela, lançou os alicerces da nova medicina e do seu princípio fundamental: Os semelhantes são tratados pelos semelhantes.

Desta premissa, partiu para a experimentação de outras substâncias com resultados terapêuticos confirmados, como o arsénico, obtendo o mesmo tipo de resposta às questões que levantava. Concluiu então, que um paciente deve ser tratado com a substância capaz de produzir em qualquer organismo são, um quadro sintomático idêntico ao por si apresentado.
Deste modo, Hahnemann determina exaustivamente o maior número de sintomas decorrentes da intoxicação provocada pela administração continuada duma dada substância – veja-se o artigo A Experimentação Em Homeopatia –.
 
O conjunto de sinais e sintomas obtido é designado por Patogenesia da Substância.

No ano de 1805 publicou a primeira Matéria Médica Homeopática, com 27 substâncias ensaiadas, e respectivas patogenesias.
Após inúmeras experimentações, publicou em 1810, o “Organon da Ciência Médica Racional”, que a partir de 1819, data da 2ª edição, recebeu o título de “Organon da Arte de Curar”. Considera-se este, como sendo o livro basilar de todo o corpo teórico homeopático – O Organon da Arte de Curar, como livro de base da homeopatia deve ser cuidadosamente estudado. Aconselha-se ao estudante de homeopatia como primeira abordagem: A Arte de Curar pela Homeopatia O Organon de Samuel Hahnemann / Dr. E.C. Hamly, M.B., Ch. B., M.R.C.G.P. – 1982, 1ª edição da Livraria Roca Ltda., obra que utilizamos e citamos ao longo deste site, no que toca ao dito Organon –.
Até ao ano de 1839 publicou a “Matéria Médica Pura”, que foi dada à estampa entre 1811 e 1826, em 6 volumes, com um total de 1777 páginas e 64 medicamentos experimentados, e o “Tratado de Moléstias Crónicas”.

A homeopatia é utilizada praticamente em todo o mundo, existindo três escolas dominantes: Unicismo, Pluralismo e Complexismo. Embora as duas últimas Escolas resultem basicamente de toda a doutrina unicista –   única Escola puramente hahnemanniana –, a multitude de teorias aditadas aos conceitos básicos promoveu a sua adaptação aos princípios da Medicina Ortodoxa.
Enquanto que o Unicismo se fundamenta no princípio do medicamento único ou simillimum encontrado com referência à totalidade sintomática do paciente, no pluralismo são receitados dois ou mais medicamentos, tomados alternadamente, com o intuito de cobrir todos os seus sintomas. No Complexismo os medicamentos são tomados simultaneamente.
Existe quem conteste esta distorção da real doutrina homeopática. De outra parte, defende-se a evolução necessária e inelutável da homeopatia em detrimento da perpetuação do purismo exacerbado, quase  impraticável na actualidade. Discordamos profundamente desta perspectiva na medida em que privilegie a celeridade em detrimento da análise cuidada e exaustiva que deve presidir a qualquer método tendente à cura do paciente encarado como um todo.

Acreditamos, que em certa medida se podem equilibrar os pratos da balança, empregando os ensinamentos de uma ou outra Escola, em conformidade com a experiência clínica do terapeuta. De qualquer modo, frisamos que a nossa abordagem clínica é fundamentalmente Unicista com utilização obrigatória do Repertório Homeopático, como melhor se especificará – ver artigos referentes ao Repertório e à Repertorização –.
Isto não quer dizer, que quer o pluralismo quer o complexismo, não conduzam a resultados favoráveis e entusiasmantes. São muitos os práticos que o atestam e pacientes que o confirmam.
As nossas escolhas, não podem ou devem em caso algum, manifestar intolerância e compreensão deficiente de atitudes terapêuticas diversas. A nossa intenção deverá ter como objectivo fundamental a produção de curas suaves ou doces, de modo rápido, seguro e duradouro, sem os inconvenientes das terapêuticas agressivas.