As noções que se seguem, não primam pela perfeição; são notas breves, introdutórias, e incompletas de um procedimento que tantas vezes reputamos simples e prático, mas é complexo e pressupõe uma diligente preparação técnica dos executantes, pelo que para o seu cabal conhecimento será forçoso o estudo de uma obra de referência.
As substâncias usadas pela farmácia homeopática são em regra de proveniência animal, vegetal ou mineral. Utilizam-se também produtos de origem farmacêutica, química e biológica.
A tintura mãe é uma preparação líquida derivada da acção solvente de um veículo alcoólico a 90º nalgumas substâncias de origem vegetal ou animal. Decorrido algum tempo procedemos à sua filtragem.
No que toca às substâncias animais, a TM é preparada a partir do animal inteiro ou de uma sua parte específica ou secreção. Nas vegetais, pode utilizar-se a planta inteira, ou uma parte – v.g. rebentos, folhas, raízes –. Tratando-se de planta disponível na nossa região, colhe-se fresca, utilizando-se as exóticas no estado de secagem – por imposição do seu transporte de locais longínquos –.
As substâncias minerais ou químicas, desde que solúveis – v.g. petróleo –, constituem a tintura primitiva. Não sendo solúveis, são tratadas de molde a atingirem a solubilidade, por intermédio de triturações, como mais adiante se expressará.
Nas formas farmacêuticas “derivadas” são empregues três escalas: a decimal, a centesimal e a cinquenta milesimal, preparadas segundo o método hahnemanniano.
Para a realização das consecutivas dinamizações o prático ou o farmacêutico deve dispor de frascos novos, previamente lavados com água, esterilizados pelo método da fervura, e secos posteriormente.
Tratando-se de tintura mãe ou substância líquida, coloca-se no primeiro frasco uma parte em peso daquela, completando-a com 99 partes de um veículo apropriado – água bidestilada e álcool –, agitando-se vigorosamente cem vezes. Esta diluição, seguida de dinamização, constitui a primeira centesimal (1ª CH). A escala centesimal foi criada por Hahnemann, tendo sido a única a que este se referiu nas primeiras cinco edições do Organon.
Desta 1ª centesimal, deita-se 1 ml num outro frasco com 99 ml de excipiente. Agita-se igualmente 100 vezes e obtém-se a 2ª centesimal (2ª CH).
Este processo repete-se sucessivamente quantas vezes forem necessárias para produzir a potência desejada.
As decimais são obtidas pelo mesmo processo só que numa relação de 1/10. A escala decimal foi criada por Hering e muito difundida na Alemanha. Os símbolos utilizados para a identificar são: X – algarismo romano –, D, ou DH – escala decimal de Hering –.
Já na escala cinquenta milesimal a diluição é preparada na proporção de 1 para 50.000 – este procedimento encontra-se descrito no § 270 da 6ª edição do Organon –. Os símbolos utilizados para identificar estas diluições são Q ou LM.
Segundo a farmacopeia – o objectivo fundamental destas, é proporcionar uniformidade às preparações farmacêuticas – existem três métodos de preparação das formas farmacêuticas “derivadas”:
O método hahnemanniano, desdobra-se em três: método dos frascos múltiplos, para a preparação de medicamentos nas formas decimal e centesimal, obtidos fundamentalmente a partir de tinturas-mãe e de outras substâncias solúveis, método da trituração para obter medicamentos a partir de substâncias insolúveis, e método cinquenta milesimal – remetemos aqui, por uma questão de oportunidade para o supramencionado parágrafo do Organon –.
No que às triturações respeita, diga-se grosso modo, que a substância sólida é previamente reduzida a pó por trituração com um pilão num almofariz, juntando-se-lhe lactose. A proporção das substâncias é calculada para que se obtenha uma 1ª centesimal ou decimal. A trituração é executada pelo menos durante vinte minutos. Para obter a 2ª centesimal ou decimal, junta-se uma parte do triturado com 99 ou 9 partes de lactose e procede-se a nova trituração. O mesmo, para a obtenção da 3ª centesimal.
De seguida, passa-se ao meio líquido, procedendo-se como atrás se mencionou, já que todos os produtos são solúveis a partir da 4ª centesimal.
O método korsakoviano, também apelidado de método do frasco único, foi criado em 1832, por um oficial médico do exército russo, nascido em 1788 e falecido em 1853. Korsakov trabalhava no próprio campo de batalha e sentiu necessidade de simplificar o método hahnemanniano, de molde a poder minimizar o padecimento de um grande número de doentes e feridos. Para tal, preconizou a utilização de um mínimo de frascos e um manuseamento célere. Hahnemann, que teve conhecimento do método, testou-o e admitiu que era tão eficaz quanto o seu.
Face à simplicidade de procedimento, e à eficácia das substâncias diluídas e dinamizadas por este método, tendo ainda em conta a consideração de que em isoterapia – ou isopatia – são as 200 K as que produzem melhores resultados, dedicaremos um artigo a esta matéria.
O remédio homeopático é o resultado de um produto inicial submetido a diluições sucessivas, acompanhadas simultaneamente de agitação e ritmo.
Ocorre que a partir da 12ª diluição centesimal hahnemanniana se ultrapassa o número de Avogrado, ou seja, o medicamento deixa de possuir quaisquer moléculas da substância original. Assim sendo, alguma da comunidade científica não mostra quaisquer reservas na qualificação do remédio homeopático como se de um verdadeiro placebo se trate, contrariando a experiência centenária de inúmeras gerações de práticos homeopatas.
Podemos dizer que até à 12ª CH coexistem as acções farmacológicas “molecular” e “energética”. A partir da 12ª CH, resta apenas a energética. Quanto mais dinamizamos um medicamento mais aumentamos a acção farmacológica energética. Quanto mais diluímos mais diminuímos a acção farmacológica molecular.