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Prescrição e Posologia em Homeopatia

Encontrado o Simillimum, há que determinar a:

  • Diluição;
  • Dose;
  • Frequência com que o remédio é administrado.

Nesta matéria, a prática do homeopata é a norma que o deve conduzir e as considerações que se seguem devem tomar-se como meramente indicativas.
Certos homeopatas usam quase que exclusivamente as baixas diluições, outros as altas – em regra os unicistas utilizam as altas diluições: 30 CH e mais –. Neste campo, a experiência individual é que deve ditar as regras, embora existam certas regras básicas que não se podem esquecer:

  • Quanto mais alta a diluição e maior a similitude do medicamento seleccionado, mais prolongada no tempo será a acção medicamentosa.
  • Os pacientes idiossincrásicos são particularmente sensíveis a qualquer tipo de diluição homeopática, logo, as reacções adversas ou a acção medicamentosa susceptibilizam-se de perdurarem no tempo, inclusive nas baixas diluições e em circunstâncias de similitude imperfeita.
  • O medicamento não deve ser repetido enquanto o paciente ainda estiver a beneficiar dos efeitos da dose anterior. Só quando a acção do remédio estiver esgotada, deve o mesmo ser repetido.
  • As tomas sucessivas do medicamento só se devem processar mediante uma alteração – mesmo que moderada – da potência ou da dose.

§ 247 do Organon - A alteração das doses ou da potência nas tomas sucessivas em casos crónicos é fundamental. Explicamos agora, que a cada dose ingerida, o medicamento homeopático vai-se deparar com a força vital, não no seu estado original, mas sim alterada pela acção da dose anterior. Deste modo, uma dose do medicamento dinamicamente similar à anterior, não produzirá efeitos terapêuticos porque a força vital se encontra expectante face a nova potência ou dose. O quadro do paciente poder-se-á deste modo manter ou até mesmo agravar.

  • A utilização simultânea de medicamentos não se traduz numa cura mais célere e pode atrapalhar a escolha da diluição, dose ou a frequência de administração.
  • A frequência com que o medicamento é administrado, em regra é directamente proporcional ao número da diluição. Nas altas diluições o espaçamento entre a administração das doses deve ser aumentado

Na presença do simillimum, parece que todas as diluições são curativas, no entanto, quanto mais alta a diluição maior a probabilidade de uma cura permanente.
 
Atente-se que as altas diluições não devem ser ministradas a doentes incuráveis ou hipersensíveis. Os primeiros acabam por depauperar, enquanto os segundos adquirem os sinais patogenésicos do medicamento.
As mulheres e as crianças reagem geralmente bem aos medicamentos, pelo que devemos começar com baixas diluições. O mesmo se diga no que toca aos indivíduos hipersensíveis, propensos a fazer a patogenesia do medicamento ministrado.

Quando a similitude é grande, podem subir-se as diluições, mesmo nos quadros agudos, o que obriga ao espaçamento das doses – ex. 15 ou 30 CH –. Na doença aguda podem preferir-se as baixas diluições ministradas a pequenos intervalos, inversamente proporcionais à intensidade dos sintomas – ex. de 24 em 24 horas; ½ em ½  hora; ¼ em ¼ de hora e até de 5 em 5 minutos –, espaçando-se as doses em função das melhoras. Tratando-se de uma doença aguda ou crónica com similitude muito imperfeita devem utilizar-se baixas diluições – ex.: 5 CH –. De qualquer modo, o conceito de alta e baixa diluição depende, como já foi referido, da experiência clínica do homeopata.
Nas doenças agudas as diluições baixas são tomadas várias vezes por dia.

Nos casos crónicos, podem ministrar-se altas diluições – ex.: 30CH; 200 CH –, aguardando-se que o efeito do remédio termine para eventual repetição – só se repetirá a dose caso os sintomas melhorem ou se mantenham inalteráveis. Caso surjam sintomas acessórios ou o quadro clínico agrave dever-se-á proceder à reavaliação da prescrição – ou então, uma diluição média de modo contínuo, aumentando-se progressivamente a potência ou a dose.
O efeito dos medicamentos homeopáticos no tempo, depende do próprio medicamento, do paciente e da diluição. Pode dizer-se, grosso modo, que em média as doses baixas – até 5 ou 6  CH – têm um efeito de cerca de 4 horas, as médias – 7 CH a 12 CH – de 1 ou mais dias, e as altas – superiores a 15  CH – de uma semana ou mais.

Na perspectiva da Escola Pluralista, em casos agudos – domínio orgânico ou lesional –, recorre-se a baixas diluições (5 ou 6 CH); nos quadros subagudos – domínio funcional – a diluições médias (7 a 9 CH);  e nos casos crónicos – muito especialmente na esfera mental – empregam-se as altas diluições (superiores a 15 CH, muito especialmente a 30 CH).
Não há uma definição única classificatória das diluições.

O iniciado na arte de curar homeopática, deve começar por ministrar doses baixas, ou médias, aumentando-as gradualmente em função do acumular da experiência clínica. Deve também estar atento ao facto de que a repetição continuada de uma substância pode gerar uma doença medicamentosa grave – iatrogénica –, cuja única possibilidade de cura ou minimização sintomática é o recurso a substâncias antídotas – podemos referir aqui, o caso de Kent, que se viu obrigado a antidotar continuadamente os efeitos perversos da toma continuada de um medicamento homeopático pela sua terceira mulher –.

Aconselhamos o iniciado na prática homeopática, a começar com baixas diluições, aumentando-as progressivamente.
Assim, encontrado o simillimum ou o medicamento mais apropriado, o tratamento pode iniciar-se com uma dose de 6 CH – a menos propensa a agravamentos, segundo certos autores –, aumentada progressivamente logo que o seu efeito termine, para 12 CH, 15 CH e 30 CH.

Como já foi discutido no artigo referente aos medicamentos, estes podem apresentar-se sob a forma de gotas, grânulos ou glóbulos. Existem ainda as pomadas e os unguentos, estes de fabrico mais recente do que as outras formas medicamentosas.
Os grânulos são ministrados sublingualmente, em regra, três, longe das refeições.
Segundo o grau de dinamização-diluição, o pluralismo preconiza em regra:

  • Se em 5 CH, duas, três ou mais vezes por dia;
  • Se em 7 CH, três grânulos uma vez por dia;
Se em 30 CH, três grânulos em dois ou três dias alternados.

É de referir que esta posologia é meramente indicativa e depende de todos os factores acima mencionados.

A dose de glóbulos – existente no mercado com tal denominação – pode ser substituída por 12 grânulos tomados de uma só vez:

  • Se em 15 CH, uma vez por semana.
  • Se em 30 CH, uma vez por mês.

As gotas são vertidas sublingualmente, ou dissolvidas em água pura – 1 gota por colher de água – , fazendo-se equivaler a cada glóbulo uma gota.