Referimo-nos num outro artigo aos métodos utilizados pela Homeopatia para a produção de medicamentos – Noções Breves de Farmácia Homeopática –. Os medicamentos isopáticos são também em regra fabricados segundo os processos desta farmácia.
O processo de preparação de medicamentos que particularizamos neste artigo, do qual colhemos a experimentação possível, será provavelmente objecto de críticas por violar os princípios tradicionais daquela.
Foi formulado com o intuito de consentir um acesso inteligível pelo próprio enfermo ao procedimento conducente à cura – englobamos aqui o procedimento referente à auto-isopatia energética –, por profissionais de saúde e pessoal não qualificado, tal como sucede em inúmeras Missões religiosas, que no mundo diligenciam esforçadamente na assistência a populações miseráveis e desmunidas de quaisquer medicamentos ou outros meios de tratamento. Pode ser utilizado para produzir novos medicamentos homeopáticos a partir de substâncias base ou de baixas diluições.
Nem sempre teremos ao nosso dispor o material enunciado. Aí, valerá a nossa experiência e intuição, sempre balizada pelos princípios que enformam a medicina homeopática e os seus procedimentos.
Desenvolvemos dois modelos de diluição:
No mesmo processo de fabricação dos medicamentos vamos deparar-nos com uma sobreposição de métodos: iniciamos com a DS para depois passarmos à DSe, potenciando o remédio. É na nossa perspectiva e experiência o modo mais lógico e operante de proceder.
É-nos de todo impossível obter valores e proporções rigorosas, em virtude do modo de actuar dos preparadores dos medicamentos não ser idêntica: a contagem mental ou por intermédio de cronómetro, do tempo atribuído às diversas operações, o vigor com que se procede ao vazamento dos frascos, entre outros.
Sacrificámos a inflexibilidade à simplicidade.
A sucussão ou agitação rítmica do medicamento pode realizar-se do seguinte modo:
A PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS
MATERIAL A UTILIZAR
Obviamente, que podemos utilizar frascos com maior ou menor capacidade, desde que respeitemos as proporções e não ultrapassemos 2/3 da sua capacidade nos que vão ser sujeitos a sucussão.
Pode utilizar-se um frasco (que denominamos frasco medida) com mais de 30 ml. Com um instrumento de medição – v.g., seringa, proveta – retiramos 30 ml de água do seu recipiente e vertemos o líquido no dito frasco. Com um marcador riscamos o seu limite superior.
ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO
Antes de serem usados, os frascos, mesmo novos e o restante material, deve ser esterilizado, segundo o método de fervura. Sempre que tenhamos necessidade de reutilizar um frasco devemos proceder à sua esterilização destruindo a “energia”, que não desaparece pela simples lavagem com água corrente.
O aquecimento do material em água, atingindo esta em ebulição a temperatura de 100º centígrados, pelo período mínimo de dez minutos, é bastante para aniquilar as formas vegetativas das bactérias, alguns esporos bacterianos e o vírus da hepatite.
O material – de vidro, plástico, borracha ou metal – é mergulhado em água a ferver durante pelo menos dez minutos e posteriormente retirado com pinças metálicas e posto a secar na bancada ou mesa de trabalho, evitando-se que as mãos tenham contacto directo com o mesmo enquanto húmido, para acautelar a contaminação pelas bactérias da pele.
Se estivermos a actuar numa zona epidémica de cólera, o material terá de ser fervido pelo menos durante vinte minutos.
Uma outra forma de esterilização, passa pela utilização de uma panela de pressão, em que o material a esterilizar deve estar submetido a vinte minutos de fervura.
Quando se manipulam isopáticos devemos diligenciar no sentido de não nos contaminarmos, nem ao meio ambiente.
O material descartável – luvas, máscaras, recipientes de colheita, agulhas, entre outros – deve ser imerso por algumas horas em hipoclorito de sódio para depois ser destruído, preferencialmente por incineração.
O material que não é descartável, deve também ser mergulhado numa solução de hipoclorito de sódio, e posteriormente esterilizado em conformidade com os métodos acima referenciados.
PREPARAÇÃO DO MEDICAMENTO
A – SUBSTÂNCIAS LÍQUIDAS
1. – Colhemos a secreção do paciente, procurando sempre obter uma quantidade razoável de produto para um recipiente esterilizado. Pode ser necessário juntar para uma diluição eficaz, algumas gotas de água purificada ou soro fisiológico.
Agitamos a mistura, algumas vezes, no período de uma hora, para obter uma solução uniforme.
2. – Vertemos 30 ml de água no frasco medida.
3. – Do recipiente onde depositámos a substância colhida do paciente, retiramos 8 gotas.
Tratando-se de qualquer outra substância líquida, retiramos as mesmas 8 gotas do recipiente que a contiver.
4. – Depositamos estas 8 gotas no frasco medicamento.
5. – Deitamos os 30 ml de água que já havíamos depositado no frasco medida, no frasco medicamento.
5.1. – Tapamos o frasco.
5.2. – Agitamos 100 vezes.
Obtemos a 1ª DS – Diluição/Sucussão –.
6. – Esvaziamos o frasco medicamento, sacudindo-o vigorosamente durante 5 segundos.
Deitamos 30 ml de água no frasco medida que vertemos no frasco medicamento em cujo interior restou um resíduo mínimo da 1ª DS.
6.1. – Tapamos o frasco.
6.2. – Agitamos 100X.
Obtemos a 2ª DS.
7. – Tornamos a esvaziar o frasco medicamento, sacudindo-o durante 5 segundos.
Deitamos 30 ml de água no frasco medida que vertemos no frasco medicamento em cujo interior restou um resíduo mínimo da 2ª DS.
7.1. – Tapamos o frasco.
7.2. – Agitamos 100X.
Temos a 3ª DS.
A partir deste momento vamos alterar o tempo que dedicámos a despejar o líquido do frasco medicamento, aumentando-o, o que tem como consequência a diminuição da substância originária ou residual e o incremento da diluição.
8. – Esvaziamos o frasco medicamento, sacudindo-o energicamente durante 30 segundos – tempo que podemos contar mentalmente –.
Deitamos 30 ml de água no frasco medida que vertemos no frasco medicamento em cujo interior restou um resíduo mínimo da 3ª DS.
8.1. – Tapamos o frasco.
8.2. – Agitamos 100X.
Temos a 4ª DSe – Dinamização/Sucussão/elevada –.
9. – Repetimos todo o procedimento enunciado em 8.
Temos a 5ª DSe – Dinamização/Sucussão/elevada –.
10. – Repetindo sucessivamente o procedimento exposto, poderemos atingir uma 12ª DSe, (…) 15ª, (…) 30ª, (…) 200 DSe.
B – PREPARAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS SÓLIDAS
Na circunstância de nos encontrarmos perante uma substância sólida, como escamas de pele, crostas de feridas e alguns hetero-isopáticos – v.g., alimentos, medicamentos alopáticos, pelos, pó –, deve a mesma ser preparada segundo as regras da farmácia homeopática por trituração.
B.1. – O procedimento relativo à diluição de substâncias sólidas, segundo as determinações da farmacopeia homeopática deve ser acompanhada por técnico especializado – pelo menos até ao momento em que domine com perfeição a técnica –.
B.2. – Em campanha, em zonas carenciadas nem sempre temos à nossa disposição os meios necessários para um procedimento rigoroso.
Nada obsta então, por via da necessidade, que se proceda expeditamente:
Um procedimento mais rigoroso, é o que Jean-Marie Danze preconiza para a preparação dos medicamentos isoterápicos em 200 K – veja-se o artigo “PREPARAÇÃO DE ISOPÁTICOS SEGUNDO O MÉTODO DE KORSAKOV” –, e que aqui damos por reproduzido.