O “Eterno Agora” surge na sequência do livro “O Despertar da Espiritualidade – Meditar Sem Mestre” e tem como objectivo fundamental demonstrar que a cessação do sofrimento psicológico é possível. É resultado da maturidade, da irrestrita cooperação com o inevitável, e do conhecimento súbito da consciência e da realidade, por intermédio do desenvolvimento da sensibilidade.
Para a sua abordagem, julgamos útil inserir a sua introdução:
“Os textos que se seguem são fundamentalmente o resultado de “vivências” anotadas no período de cerca de um ano, parcialmente de modo aforístico, em 33 fichas temáticas, individualizáveis, que ordenei da seguinte forma:
Mundo; Cosmos e sua génese; Trabalho; Consciência; Inteligência; Realidade; Fantasia; Condicionamento; Liberdade; Relações; Conflito Psicológico; Ambição; Insegurança e Impermanência; Sentido da Vida; Pensamento; Autoconhecimento; Estados Negativos; Desejo; Apego; Tempo; Medo; Padecimento Psicológico; Felicidade e Beatitude; Sentidos e Sensações Corporais; Observação; Atenção; Meditação; Paixão; Beleza; Amor; Morte; Criação; Religião e Deus.
Não são pacíficos nem pretendem sê-lo. Talvez se constituam como uma provocação, da qual não aguardamos assentimento, aplauso ou enriquecimento; não são “palavras” comerciais, cómodas, da moda, usuais.
Estimulam a diferença, a revolução individual, a aniquilação da trapaça ou fingimento de qualidades, sentimentos e princípios que não possuímos; exaltam a boa-fé, a sinceridade, a coragem.
Conta-se que quando Kruchev denunciou publicamente a era negra de Estaline, terá havido alguém na sala que lhe perguntou onde estava no momento em que tantos inocentes estavam a ser massacrados e impunemente vilipendiados. Kruchev, rodeou a sala com o olhar e pediu que se levantasse o congressista que formulara a pergunta. Fez-se silêncio, apenas silêncio e tensão. Ninguém se levantou, e Kruchev respondeu: - Eu estava precisamente na mesma situação em que o senhor se encontra agora.
Nem Estaline, nem Kruchev, nem o congressista: sejamos nós em verdade e intrepidez, sem a estúpida carência de fazer parte da multidão, do temeroso rebanho social.
Um Sufi, de nome Bayazid, afirmou que durante a sua adolescência pedira insistentemente a Deus nas suas orações, que lhe desse a força necessária para transformar o mundo. Os anos foram passando, e homem feito apercebeu-se da inexistência de qualquer mudança, em qualquer indivíduo. Mudou a oração, pedindo ao Senhor que lhe concedesse a graça de modificar os que o rodeavam, familiares, amigos, e quem sabe, alguns conhecidos. Já velho, com a morte à espreita, sem que o seu esforço tivesse produzido frutos relevantes, alterou uma vez mais a oração: pediu a graça da transformação pessoal.
Se o tivesse feito desde o início, não teria desperdiçado a maior parte da sua vida, como desperdiçou.